A experiência “Replicadores de cuidados: a sensibilização do futuro profissional acerca do abuso sexual” é realizada desde 2017, no Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional (ESR) da UFF, em Campos dos Goytacazes. É uma proposta metodológica em formato de curso, estruturado com rodas de conversa e técnicas de sensibilização sobre o tema do abuso sexual infantil. Com o objetivo de sensibilizar e capacitar o futuro docente ou psicólogo para o enfrentamento da violência sexual, já formou 100 alunos.
A professora Andréa Soutto Mayor, do Departamento de Psicologia de Campos (CPS) da UFF, coordenadora do projeto, destaca os impactos intensos vividos pelos alunos que participaram do curso e pela equipe organizadora, a partir do contato com as próprias concepções, que podem ser errôneas e excludentes, a respeito do Assédio Sexual Infantil. Andréa explica que
“A percepção sobre a intensidade do sofrimento das vítimas do ASI (Assédio Sexual Infantil) possibilita a construção de um olhar mais empático e humanizado sobre o outro, reconhecendo também a dificuldade nesse processo de identificação.”
Como conta Camila Bahia, graduanda em Psicologia pela UFF e bolsista do projeto, a experiência de participar da organização e realização do curso de “Replicadores de cuidados” supera as expectativas e recebe feedbacks muito positivos dos participantes:
“Foram muitas semanas de preparação, que culminaram nas aulas, onde todos da equipe tiveram algum espaço de protagonismo. Durante os encontros, não só o conteúdo técnico apresentado, mas a troca de experiências e opiniões enriqueceram o debate fomentado.”
Tratar sobre o tema do Abuso Sexual Infantil envolve tabus e desconhecimento. Na primeira fase do projeto, foi estimulado o pensamento crítico e a separação entre dados científicos e senso comum, o que se mostra essencial para uma maior articulação do grupo, contribui Rosa Cristina, mestranda em Cognição e Linguagem pela UENF e também bolsista do projeto.
Os encontros de sensibilização, na segunda parte do projeto, são capazes de promover um diálogo interdisciplinar e o contato com realidades que podem estar distantes do ambiente acadêmico, destaca Rosa Cristina:
“Acredito que tanto os ouvintes quanto os participantes puderam aprofundar o conhecimento sobre o tema e também ampliar as possibilidades de enfrentamento nos casos de ASI (Assédio Sexual Infantil).”
Para além dos impactos que o projeto pode causar na sociedade construindo uma rede de ação no embate com o Assédio Sexual Infantil, as bolsistas do projeto destacam também a importância de suas próprias sensibilizações acerca do tema, servindo como fonte de inspiração para o desenvolvimento acadêmico, de habilidades de pesquisa científica e na superação de inseguranças pessoais.
A equipe organizadora, composta pela professora e pelas bolsistas, se disponibiliza para contato com os alunos em caso de dúvidas, além de compartilhar informações sobre as instituições públicas que prestam auxílio no caso de situações de abuso, finaliza Andréa.
A rede de Replicadores de cuidados busca o enfrentamento e o combate ao problema social do Abuso Sexual Infantil. A cada turma formada, mais profissionais são capacitados a lidar com essa questão tão delicada e importante, para que possam construir uma rede de apoio e diálogo às crianças e adolescentes que são vítimas de violência sexual, e também que possam atuar no combate à violência, para que outras crianças não sejam vítimas de Abuso Sexual Infantil.
Na dica de leitura acadêmica da semana, trazemos o livro “Informação e Desenvolvimento: conhecimento, inovação e apropriação social”, publicado em 2007, resulta de discussões de um evento internacional promovido pelo Laboratório Interdisciplinar sobre Informação e Conhecimento (Liinc), iniciativa coordenada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A linha editorial é parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O livro reúne abordagens de diversos campos do conhecimento, como ciência da informação, sociologia, filosofia, geografia, economia e antropologia, através de pesquisas empíricas e teóricas realizadas no Brasil e no exterior, especialmente na América Latina, a respeito da chamada “Era do Conhecimento e da Informação”. A interdisciplinaridade é fundamental para o debate e para a construção do conhecimento, permitindo observar aspectos diferentes e complexos sobre a temática.
A organização é feita em três partes. É estabelecida a base conceitual para a discussão sobre a apropriação social das tecnologias da informação e comunicação, considerando os conceitos e diferentes conjunturas sociais, indo de contextos familiares à estratégias nacionais. Na segunda parte, relaciona informação, conhecimento e inovação, a partir de dimensões econômicas, metodológicas, epistêmicas, territoriais e geopolíticas. Por fim, analisa as características atuais e as novas dinâmicas do mundo do trabalho intelectual e informacional, sob a ótica da informação como mercadoria do capital.
Para saber mais, acesse o livro na íntegra aqui.
É comum ficar perdido com uma mudança de rotina abrupta, como a que vivemos desde o mês de Março, no Brasil. A pandemia do novo coronavírus fez com que as três esferas do Poder Executivo (municipal, estadual e federal) adotassem medidas de controle, sendo uma delas a determinação de quarentena da população, com orientações para que todos fiquem em suas casas.
Uma das medidas que vem afetando a vida das pessoas é a suspensão de aulas presenciais, em escolas e universidades, por exemplo. Com isso, é preciso adaptar-se à nova realidade e fazer uso dos recursos digitais que existem para continuar estudando durante a quarentena.
Pensando nisso, diversas plataformas online estão oferecendo cursos gratuitos em diferentes áreas do conhecimento. Confira e escolha a sua:
1- Casa do Saber: são 120 cursos nas áreas de Filosofia, Ciências, Artes, Literatura e Música. A plataforma oferece os cursos gratuitamente por um período de 30 dias.
2- Digital Innovation One: cursos gratuitos para desenvolvimento de softwares e para aprender linguagens de programação (Javascript, PHP e Python, por exemplo).
3- Escola Virtual da Fundação Bradesco: mais de 80 cursos gratuitos nas áreas de Administração, Contabilidade e Finanças, Desenvolvimento Pessoal e Profissional, Informática, Educação Básica e Pedagogia.
4- ESPM: são 13 cursos, oferecidos gratuitamente até o dia 30 de abril, com temas variados (Comunicação, Negócios, Marketing, Mídias Sociais, Softwares, e muitos outros).
5- Faber-Castell: são 17 cursos de desenho, oferecidos gratuitamente até o dia 19 de abril, através da campanha “Em casa com a Faber-Castell”.
Além dessas, existem muitas outras plataformas de conhecimento gratuito e online disponíveis na Internet, para que a rotina de estudos possa continuar. Clique aqui para saber mais.
Fonte: http://www.futura.org.br/11-cursos-gratuitos-para-se-especializar-durante-a-quarentena/
A edição 2019 do Catálogo de Tecnologias Sociais da UFF foi lançada na tarde do último dia 05 de dezembro, no auditório da Agência de Inovação (AGIR). A publicação é uma realização da Coordenação de Inovação e Tecnologias Sociais, reunindo experiências de diversos campi da universidade. Além de Niterói, são contemplados projetos de Angra dos Reis, Volta Redonda, Rio das Ostras, Macaé, Santo Antônio de Pádua e Nova Friburgo.
O Catálogo conta com experiências, em andamento, já finalizadas ou em fase piloto, desenvolvidas por alunos, docentes ou técnicos-administrativos. Tem como objetivo produzir registro e memória sobre as ações, além de dar publicidade às experiências. Dessa forma, representa o registro da memória da UFF e é anualmente atualizado. Em 2017, sua primeira edição, foram 32 experiências catalogadas; em 2018, um total de 38; e, em 2019, conta com 53 experiências, sendo 3 iniciativas piloto.
O evento de lançamento contou com a presença de docentes e alunos das mais variadas áreas do conhecimento da UFF, com destaque para os coordenadores e representantes das 14 novas experiências incluídas no Catálogo. Também estiveram presentes o diretor da AGIR, Ricardo Leal, e a coordenadora de Inovação e Tecnologias Sociais, Luciane Patrício. Além de membros da comunidade acadêmica e das comunidades atendidas pelos projetos, enriquecendo a discussão sobre a temática das tecnologias sociais.
Para a coordenadora Luciane Patrício, o Catálogo de Tecnologias Sociais reflete o que se espera de uma universidade pública, gratuita e de qualidade como a UFF. “Só temos a parabenizar todos os responsáveis e participantes das experiências catalogadas e dizer que é esse encontro que reforça a importância da universidade para sociedade, na medida em que o conhecimento acadêmico e científico por ela produzido e difundido é capaz não apenas de beneficiar a sociedade, mas conta com ela para encontrar as soluções”, acrescenta Luciane.
“Estar na nova edição do Catálogo com a nossa experiência de tecnologia social já é uma oportunidade única. Mais ainda foi poder participar do seu lançamento, prestigiando e conhecendo trabalhos tão ricos e desenvolvidos por outros colegas e alunos da universidade. São tantos projetos incríveis e infelizmente acabamos não interagindo por sempre ficarmos no nosso nicho”, destaca Priscilla Bonfim, coordenadora do “Jogo educativo colaborativo sobre drogas de abuso: Pane – Encontre a Saída”. A experiência coordenada por Priscilla foi desenvolvida por oito colaboradoras, entre alunas e docentes, e consiste em um jogo de tabuleiro elaborado com o objetivo de estabelecer reflexões sobre o impacto causado pelo uso/abuso de drogas na sociedade.
De acordo com a coordenadora da experiência “Replicadores de cuidados: a sensibilização do futuro profissional acerca do abuso sexual infantil”, Andréa Soutto Mayor, o Catálogo tem papel fundamental para o conhecimento da sociedade sobre atividades desenvolvidas no âmbito da universidade. “É essencial ter esse suporte de divulgação como o espaço fornecido com o Catálogo, não apenas para o desenvolvimento da própria universidade, mas também para que a população em geral possa conhecer o que fazemos, saber da criatividade dos projetos e da sua importância para toda a comunidade”, afirma. A experiência coordenada por ela é desenvolvida no Campus de Campos dos Goytacazes, sendo uma proposta metodológica em formato de curso, com rodas de conversa e técnicas de sensibilização, visando a capacitação do futuro docente ou psicólogo acerca do tema do abuso sexual infantil.
Todas as experiências presentes no Catálogo são fruto de projetos de ensino, pesquisa, extensão e/ou inovação. Além disso, abrangem diferentes áreas e temáticas que colaboram para o melhor desenvolvimento de políticas públicas; que se dedicam à construção de formas criativas de ensino e aprendizagem; que se preocupam com determinados segmentos ou atores sociais vulneráveis ou situações e contextos de vulnerabilidade; que fomentam a geração de renda, a autonomia econômica e a inclusão no mundo do trabalho; que contribuem para a construção de uma sociedade menos violenta; e que se preocupam com a defesa e o reconhecimento de direitos de cidadania.Para compor o Catálogo de Tecnologias Sociais é necessário submeter sua proposta a um edital de chamamento lançado anualmente no início do ano letivo, com previsão de abertura para abril de 2020. Para conhecer novas experiências incluídas na edição 2019, assista ao vídeo de apresentação exibido no evento de lançamento. Ficou curioso(a) e quer conhecer o nosso Catálogo de Tecnologias Sociais 2019? Faça o download agora mesmo.
A Prefeitura Municipal de Niterói e a Universidade Federal Fluminense celebraram oficialmente o Programa de Incentivos a Projetos Aplicados e Fomento à Inovação nessa manhã de 28 de novembro. Por meio do programa, a Prefeitura investirá R$ 30 milhões de reais em iniciativas de pesquisa, extensão e inovação que apresentem soluções aplicadas para problemas concretos da cidade. Os objetivos foram determinados participativamente por meio de consulta pública à sociedade niteroiense. Os projetos terão duração de três anos a partir de abril de 2020.
O programa faz parte do Plano Estratégico Niterói que Queremos 2033, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. O cronograma já está em andamento. Na primeira quinzena de dezembro, será composto um comitê para preparação do edital e as bancas de seleção de projetos. O edital será publicado na segunda quinzena de dezembro e as inscrições estarão abertas até fevereiro. Em março, acontece o processo seletivo e em abril serão assinados os instrumentos jurídicos para execução dos projetos.
Para o reitor da UFF, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, o Programa de Incentivos a Projetos Aplicados e Fomento à Inovação representa uma nova forma de relacionamento entre os órgãos públicos para solução de problemas concretos e socialização do conhecimento acadêmico. “Estamos seguindo conceitos consagrados da cooperação entre a chamada tripla hélice, governo, universidade e empresas, para fomentar pesquisa, extensão e inovação. Consultei outros reitores e é um modelo de parceria inovador pela sua proposta e investimento, que certamente será exemplo para outras cidades e universidades”, conta Antonio Claudio.
Segundo o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, o programa representa uma priorização da importância da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento autônomo, estável e soberano. “Em um contexto escandaloso de queda no fomento federal, estamos investindo média de R$ 10 milhões de reais anualmente até 2023. Contando com os aportes na finalização da construção do Instituto de Arte e Comunicação Social e recuperação do Cinema Icaraí, é um ato de governo claro em defesa do conhecimento, das instituições e da democracia. Esperamos que a sociedade niteroiense aproveite os resultados dos projetos que nascerão dessa parceria”, disse o prefeito.
Em consulta pública, a sociedade niteroiense sugeriu sete objetivos estratégicos que orientam as linhas a serem desenvolvidas. “Esses são pontos que a própria população de Niterói considerou relevantes para se viver e ser feliz na cidade. Não é um plano de gestão, mas uma visão de futuro coletiva de longo prazo. São projetos que vão criar as bases de desenvolvimento estável até 2033”, afirma Rodrigo Neves.
Os objetivos e focos são:
As propostas a serem submetidas deverão demonstrar a relevância enfatizando os impactos para Niterói em relação aos eixos da Niterói que Queremos e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Onu.
De acordo com o secretário de Planejamento de Niterói, Axel Grael, a visão da Niterói que Queremos será desenvolvida pela parceria com a UFF para potencializar a solução de problemas concretos de Niterói. “Esta proposta está sendo transformada em programas com critérios, procedimentos, governança, cronograma e responsáveis. Dessa forma, vamos entregar de volta para a sociedade niteroiense projetos que trarão impacto direto”.
Para o professor de Educação da UFF e deputado estadual, Waldeck Carneiro, o programa é o ápice de um longo planejamento institucional e envolvimento pessoal na elaboração de políticas educacionais, científicas e tecnológicas no município. “O que está acontecendo hoje é um marco para a história da UFF e de Niterói. Apresentamos um programa maduro nesse momento de desinvestimento em ciência”.
Para submeter um projeto, as equipes deverão ser compostas por, no mínimo, dois pesquisadores. Cada equipe será liderada por um professor doutor com vínculo efetivo com a UFF. Estarão aptos a participar da seleção: professores, graduandos, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e apoio técnico especializado.
Além disso, a parceria prevê o Ecossistema de Inovação, que fomenta um gabinete de inovação entre a Prefeitura de Niterói e a UFF. De acordo com a secretária da Fazenda de Niterói, Giovanna Victer, o programa estimula a geração de ideias de negócio, aceleração e incubação de startups. “Teremos duas áreas de atuação prioritárias: Cidades Inteligentes e Inovadoras; e Economia do Mar. A ideia é gerar novas empresas em áreas estratégicas e capacitar empreendedores. É uma proposta inovadora de criar um cluster de inovação em cooperação com a UFF”, explica.
O fomento à inovação terá edital específico, em parceria com a Agência de Inovação da UFF. O processo envolverá ideação, pré-incubação, incubação, aceleração e a graduação final, com apresentação de relatório listando as conclusões, desafios e próximas etapas. Das 30 empresas selecionadas, 22 serão incubadas, recebendo cada empresa um investimento de R$ 60 mil reais; e outras oito serão aceleradas, recebendo R$ 80 mil reais. “Também está previsto um plano para o futuro. Caso o negócio seja promissor e necessite de um investimento adicional, haverá a possibilidade de financiar até 100 mil reais o projeto”, detalha Giovanna Victer.
Em dezembro, haverá intensiva divulgação dos editais e dos objetivos dos programas, com workshops e comunicação digital. A Universidade Federal Fluminense convida toda a sua comunidade a ficar atenta nas novidades e atualizações para participar de forma engajada na proposição de projetos e na socialização do conhecimento.
Fonte: site UFF.
O projeto “Tecnologias Socioagroecológicas: construindo territórios saudáveis com educação do campo” está na temática “Novas propostas teórico metodológicas para formação de recursos humanos e intervenção social” do Catálogo de Tecnologias Sociais de 2019, sendo uma das 14 novas experiências incluídas nesta edição, que conta com um total de 52 experiências catalogadas.
A experiência tem por objetivo o estudo sistematizado, o desenvolvimento de projetos, protótipos e experimentos nas áreas de agroecologia e permacultura a partir do desenvolvimento de estratégias de educação popular e educação em agroecologia. O projeto se desenvolve a partir da resignificação teórico-prática de um terreno que faz parte do Campus do Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES), localizado em Santo Antônio de Pádua, RJ. O local era inicialmente utilizado para alocação de resíduos do extrativismo de pedras ornamentais e, eventualmente, por outros tipos de resíduos. Nele, o projeto propõe uma intervenção territorial sustentável a partir de práticas ancoradas nos fundamentos da ciência agroecológica e da permacultura construídas no âmbito do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Território, Ambiente e Agroecologia – NUTAGRO/INFES/UFF, criando assim, o Laboratório Vivo “Território de Experiências Interdisciplinares Agroecológicas – TEIA”.
As ações estão concentradas no plantio de vegetação de ‘adubação verde’ e na construção de uma ‘casa de vegetação’ para a produção de mudas e o desenvolvimento de ações de extensão em agroecologia, efetivadas a partir da prática de oficinas de aprendizagem.A ação inclui atividades de planejamento, plantio e monitoramento de práticas agroflorestais com o cultivo de hortaliças e vegetais, o reflorestamento do local com espécies nativas da mata atlântica a partir do sistema de mutirões, ações de bioconstrução e práticas permaculturais.
Todas as oficinas estão estruturadas a partir de mutirões e de um conjunto de metodologias participativas, de modo a consolidar o saber-fazer em bases pedagógicas no processo de formação do educador do campo e dos licenciandos das diversas disciplinas que compõe os cursos ofertados no INFES/UFF. Toma-se como foco metodológico o diagnóstico rápido e participativo de agroecossistemas, os métodos de intervenção-experimentação e a sistematização de experiências em agroecologia através de práticas de fomento ao desenvolvimento rural sustentável e comunitário.
De modo geral, busca-se desenvolver tecnologias populares de baixo custo e mínimo impacto ambiental que possam fortalecer e acelerar os processos de desenvolvimento rural e urbano sustentáveis com foco nas práticas das unidades familiares, estimulando a autonomia comunitária em suas ações na relação com seu meio.Acredita-se que as atividades vinculadas às práticas agroecológicas possam contribuir para a superação do modelo de relação homem-meio baseado no consumo desenfreado, em prol de uma abordagem mais integrada e harmoniosa. Essa abordagem pode propiciar significativos avanços nos processos de interação com ambientes naturais bem como nas próprias unidades habitacionais a partir dos referenciais da bioconstrução. Este projeto possui potencial de reaplicação tanto em áreas urbanas degradadas como em localidades rurais, nos auxiliando a pensar estratégias para a ampliação de práticas de consumo consciente de baixo impacto, do tratamento de resíduos, dos sistemas de tratamento e reaproveitamento das águas, do cultivo de alimentos em quintais, do reflorestamento e enriquecimento da biodiversidade de agroecossistemas levando em consideração os conhecimentos populares e saberes tradicionais
O projeto “Cartografia Social e Autogestão Territorial: a experiência cartográfica do Quilombo da Fazenda” está na temática “Acesso a Direitos e Cidadania” do Catálogo de Tecnologias Sociais de 2019, sendo uma das 14 novas experiências incluídas nesta edição, que conta com um total de 52 experiências catalogadas.
Esse projeto parte da experiência cartográfica iniciada em 2018 pelo Grupo de Pesquisa CARTONOMIA, Fórum de Comunidades Tradicionais – FCT e a Comunidade do Quilombo da Fazenda Picinguaba (Ubatuba, SP), a qual se deu de forma participativa e colaborativa entre os diversos sujeitos e instituições envolvidas. A proposta consiste na construção de um mecanismo de suporte para a resolução de conflitos territoriais e de processos de autogestão territorial, por meio de experiências cartográficas que se utilizam de técnicas, metodologias e teorias da Cartografia Social, pensada enquanto uma tecnologia social ou apropriada por comunidades marginalizadas.
A comunidade do Quilombo da Fazenda vem sofrendo intensos conflitos que ameaçam a sua própria forma de vida no território, o qual ocupam há mais de quatro gerações. Essas disputas se acirraram com a criação da Rodovia Rio-Santos, que incentivou o turismo desordenado e que até hoje regula o mercado de terras da região; e da anexação da Fazenda ao Parque Nacional da Serra do Mar – PESM, ambos na década de 1970. Em 2006 a comunidade conseguiu a Certificação Quilombola da Fundação Cultural Palmares – FCP, e apenas a partir dessa certificação é que puderam dar entrada ao processo de demarcação das terras quilombolas nesse mesmo ano.
A Cartografia Social do Quilombo da Fazenda partiu, portanto, da demanda da comunidade por um suporte técnico-científico durante as negociações do uso do território no processo de demarcação da terra quilombola. Essas negociações partiam sempre de recortes territoriais feitos em mapas, que eram apresentados pelo ITESP, ou pelo PESM, e as comunidades pouco entendiam do que estava sendo apresentado. E longe estavam de construir suas próprias contrapropostas, demonstrando a necessidade do território total para a reprodução da sua própria vida em mapas.
O mapa e o relatório técnico dessa experiência, construído pelo CARTONOMIA, vieram a compor o processo de Ação Civil Pública que hoje tramita via Ministério Público Federal (MPF). Para além desses resultados mais diretos, a Cartografia Social enquanto uma Tecnologia Social tem promovido a apropriação das ferramentas da Cartografia, do Geoprocessamento e das Geotecnologias por comunidades marginalizadas para a resolução dos seus conflitos e para a promoção econômica e social dessas comunidades.
A experiência “Mídias na Escola” está na temática “Metodologias e ferramentas didáticas inovadoras” do Catálogo de Tecnologias Sociais de 2019, sendo uma das 14 novas experiências incluídas nesta edição, que conta com um total de 52 experiências catalogadas. É uma experiência que tem como objetivo realizar semanalmente oficinas de educação midiática dentro de espaços escolares de instituições de ensino público no município de Niterói. Em 2019, o projeto tem atuado em sua primeira ação, o “Ayrton em Cena”, na Escola Municipal Ayrton Senna, localizada no Morro do Estado, com alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I, realizando atividades curriculares e extracurriculares que buscam desenvolver o potencial criativo das crianças, fornecendo instrumentos para que sejam não apenas receptores de conteúdos midiáticos audiovisuais, mas também produtores dele.
Os materiais usados no projeto são de baixo custo e estão presentes no cotidiano escolar, como os próprios materiais pedagógicos e o uso de celulares. Assim, com poucos recursos são trabalhadas diferentes habilidades midiáticas dentro do espaço escolar, proporcionando o letramento midiático dos alunos, desenvolvendo a habilidade de assimilar, criticar, consumir com consciência e produzir conteúdos de mídias para diferentes suportes de comunicação. A ideia é possibilitar uma relação mais produtiva entre os alunos e as mídias e as tecnologias, oferecendo aos alunos um espaço de voz perante a sociedade, enquanto participam de atividades criativas e lúdicas, buscando privilegiar momentos de protagonismo dos alunos e contribuindo para uma maior consciência de si e formação de sua identidade.
O projeto é uma iniciativa da aluna de Doutorado em Comunicação, Lumárya Sousa, desenvolvido a partir da sua dissertação de mestrado, que ganhou continuidade a partir da parceria com alunos de graduação dos cursos de Estudos de Mídia, licenciatura em Cinema e Antropologia. O Mídias na Escola é desenvolvido anualmente em uma unidade escolar diferente e conta com ações contínuas, aliando as possibilidades das mídias para a educação em consonância com as necessidades e os contextos dos sujeitos implicados nas ações de cada escola. Dessa forma, a proposta do Mídias na Escola pode ser replicada posteriormente em outras unidades escolares, sempre priorizando escolas localizadas em espaços considerados vulneráveis, por serem estas consideradas invisíveis diante do argumento do difícil acesso e de diversos estereótipos calcados no discurso da violência, da insegurança e da criminalidade.
As oficinas do Mídias na Escola têm utilizado metodologias participativas, dialogando com áreas das ciências humanas e sociais, promovendo debates, reflexões, rodas de conversas, associadas à atividades como fotografia, filmes, animação, produção de narrativas, videoclipes, e muitas outras que podem ser adaptadas de acordo com os interesses de cada local onde se realiza.
A experiência “Feira Agroecológica da Rede Raízes na Terra” está na temática “Geração de Renda” do Catálogo de Tecnologias Sociais de 2019, sendo uma das 14 novas experiências incluídas nesta edição, que conta com um total de 52 experiências catalogadas. Iniciada em fevereiro de 2016, a Feira surgiu por iniciativa de alunos engajados na ENACTUS e, posteriormente, passou a contar com o acompanhamento da InTECSOL – Incubadora Tecnológica de Empreendimentos de Economia Solidária do Médio Paraíba, localizada no Campus Aterrado da UFF, em Volta Redonda.
Trata-se de um Circuito Curto Agroalimentar (CCA) no formato de feira, que resultou numa rede de agricultores familiares e empreendimentos econômicos solidários do ramo alimentício, com o propósito de comercializar produtos agroecológicos e alimentos processados. Todos os produtos agrícolas são certificados pelo Sistema Participativo de Garantia (SPG-ABIO) de Pinheiral, cuja avaliação de conformidade é feita a partir da articulação e confiança entre os próprios atores que participam desse sistema. Por ser uma feira que funciona nos moldes da Economia Solidária, as características que se destacam são: autogestão, cooperação e organização coletiva para a promoção do comércio justo e o acesso a uma alimentação mais saudável. Os produtos são comercializados às terças-feiras no Campus Aterrado e às quartas-feiras na Praça da Prefeitura de Volta Redonda.
O objetivo da Feira Agroecológica da Rede Raízes na Terra é promover, para além de um canal direto de comercialização, a aproximação entre consumidores e produtores, valorizando o mercado local, a rastreabilidade dos produtos e os aspectos culturais e sociais associados à produção agroalimentar. Além disso, a experiência contribui para a estruturação de uma rede de economia solidária, a partir da adoção de princípios e diretrizes que garantem a autogestão da mesma por seus integrantes, de maneira a consolidá-la como iniciativa autônoma, possibilitando melhores resultados econômicos e benefícios sociais aos atores envolvidos, tanto produtores quanto consumidores.
Durante o processo de estruturação da Rede Raízes na Terra, um dos primeiros passos foi a construção coletiva de um regimento interno da Rede, definindo as regras de participação dos produtores e empreendimentos econômicos solidários e definição dos procedimentos de organização da feira. Além disso, o processo resultou na concepção coletiva da logomarca da Rede e na confecção do modelo de romaneio utilizado nas feiras. Também, obtiveram a garantia de poder estabelecer um espaço para comercialização dos produtos no futuro Mercado Orgânico Municipal.
O projeto “Bacia Escola – Núcleo Comunitário de Sustentabilidade” está na temática “Redes e Políticas Públicas” do Catálogo de Tecnologias Sociais de 2019, sendo uma das 14 novas experiências incluídas nesta edição, que conta com um total de 52 experiências catalogadas.
O projeto iniciou-se em 2017 com o apoio da Iniciativa BIG 2050 (INEA & FAO) na Bacia Escola do Retiro, bairro do município de Angra dos Reis, onde a UFF conquistou um novo espaço próprio para a sua instalação, com intensa integração e protagonismo da comunidade local. Desde o início das atividades foram elaborados: um diagnóstico dos desafios ambientais relacionados à água, um plano de ação comunitário, realização de eventos ambientais e efetivação de diversas ações, como a ampliação do programa de coleta de óleo vegetal usado, ampliação e melhoria da coleta de resíduos sólidos, implantação de coleta seletiva, ampliação da capacidade de armazenamento de água, aprovação de um projeto de saneamento de esgoto, formalização da associação de moradores e formação do próprio NCS, que discute constantemente os desafios ambientais da bacia escola e que tem atuado intensamente em outros fóruns públicos relacionados ao meio ambiente do município.
A metodologia baseia-se na pesquisa-ação, um ciclo contínuo de investigação-ação que utiliza técnicas de pesquisa para gerar conhecimentos para melhoramento da prática. Nesta tecnologia busca-se a participação de todos os integrantes envolvidos em prol de desenvolver estratégias e encontrar soluções para os problemas ambientais identificados. Os trabalhos de pesquisa hidrológica vêm sendo feitos a partir de levantamentos de dados primários, com a colaboração de comunitários; e secundários, a partir de fontes de dados oficiais existentes. Os dados hidrológicos têm sido sistematizados e apresentados à população local, de modo a estimular um pensamento crítico sobre a situação ambiental local, como os dados de balneabilidade de praias, que recorrentemente indicam a praia do Retiro como imprópria para banho devido ao lançamento de esgotos.
As ações de educação ambiental em ambiente não-formal têm sido feitas por meio de encontros com a comunidade, aulas públicas e oficinas visando inicialmente diagnosticar os desafios ambientais. No que tange à educação formal (escolar), têm sido realizados aulas passeio com estudantes da educação básica em associação com seus professores para discutir as questões ambientais do Retiro como uma referência para o município de Angra dos Reis, tanto do ponto de vista dos desafios como da construção de soluções. No ensino superior, a própria UFF passou a lançar mão da Bacia Escola do Retiro como local de ensino-aprendizagem aos alunos de graduação, o que também passou recentemente a ser realizado por outras universidades do consórcio CEDERJ, que adotaram a Bacia Escola do Retiro como local de realização de alguns dos seus trabalhos de campo.
A própria consolidação do NCS como um grupo representativo dos diferentes atores locais, abrangendo os moradores, comerciantes, ONGs, parceiros voluntários e o poder público permitiu construir uma estrutura de governança única para as comunidades de Angra dos Reis. Foi realizado todo um trabalho de mapeamento destes atores estratégicos, convite aos mesmos para comporem o NCS e desde o segundo semestre de 2018 este coletivo tem se reunido sistematicamente para discutir e encaminhar as questões ambientais da bacia escola. Cabe destacar que, neste caso, todo este trabalho vem sendo feito em estreita sintonia com a associação de moradores do bairro, que foi recentemente formalizada e tem percebido o NCS como um parceiro na sua atuação.